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Ser ou não ser concursado? Eis a questão


Mesmo sendo considerada a Capital do concurso Brasília divide opiniões a respeito do funcionalismo público
Anna Cléa Maduro
  
Vislumbrar uma profissão durante a infância ou a adolescência já foi parte do universo de muitas crianças e jovens. Ser médico, professor, jornalista, empresário ou até mesmo astronauta. Os planos de carreira eram inúmeros, e se modificavam a cada etapa da vida das pessoas que, às vezes, ficavam em dúvida entre duas ou até mesmo dez profissões diferentes.

Hoje, pensar sobre a verdadeira vocação e escolher uma área para atuar ainda é a preocupação de muitos estudantes, que buscam uma resposta para o futuro. Entretanto, essa concepção está se transformando na capital federal. O sonho da profissão desejada está sendo deixado de lado, afinal os concursos públicos estão entre as prioridades dos brasilienses.

Uma pesquisa feita em Dezembro de 2009 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstra que 426 mil moradores têm emprego público em Brasília, representando 37% da população economicamente ativa da região. Jônatas Alexandre (29), historiador, explica a imposição que existe na capital em buscar o funcionalismo público. “Chamo isso de um processo covarde. As pessoas, e me incluo nisso, se esquecem das outras profissões e se rendem a essa mentalidade de Brasília”, assegura. Jônatas já trabalha como pesquisador, mas a necessidade de garantir um futuro melhor para a família o faz tentar um emprego estável.

Luciana Diniz Cipriani (20) deixou o sonho em ser psicóloga para estudar para concursos. “Apesar de ter me identificado bastante com o curso, eu sabia que levaria bastante tempo para me formar. Psicologia é um curso muito caro e não me dá garantia de rápido retorno financeiro”, afirma. Luciana pretendia se formar como psicóloga e fazer concursos na área, mas como são raros, resolveu trancar o curso de Psicologia e seguir com os estudos para as seleções.


Propósitos distintos

O interesse em garantir uma vaga na esfera pública gira em torno de dois fatores: a busca pela estabilidade profissional e financeira. Alguns brasilienses buscam esses interesses a fim de garantir um futuro mais tranqüilo e sem preocupações com formações acadêmicas, estudos ou aulas. Já outros, querem conciliar dois propósitos bem distintos, fazer uma graduação e estudar para concursos.

A funcionária pública Tamara Tassila (20) consegue relacionar bem os dois objetivos. Aos 19 anos ingressou no serviço público como Assistente em Administração na Fundação Universidade de Brasília. Além disso, Tamara passou a dividir seus horários com um curso desejado há muito tempo. “Ainda não me formei, mas estou no último semestre de Controladoria e percebi que há muita relação com a função que exerço no trabalho”, diz.

O estudante Cristiano Silva Júnior (17) também arruma tempo para ambos os propósitos. Atualmente, o recém formado no segundo grau está se preparando para concursos e para o vestibular. “Embora o cursinho seja voltado para a Universidade, complemento os estudos em casa com matérias e exercícios mais voltados para concursos públicos, em especial para a área econômica, como bancos ou outras instituições financeiras, declara.”

Concurseiros em preparação para a prova do Banco do Brasil em Brasília (Anna Cléa Maduro)

             
Caminho Inverso

Exercer um cargo público não é, portanto, o sonho de todos os brasilienses. Clélia Maria de Souza (40) é do interior de São Paulo e mora em Brasília há seis anos. O interesse pela a capital não surgiu em virtude dos concursos públicos. Ela e o marido resolveram trazer as três filhas em busca das oportunidades de estudo para as adolescentes. Além disso, há dezoito anos, Clélia é professora de Português e não abre mão das salas de aula. “Eu não tenho interesse em concursos públicos. Amo meu trabalho e a relação com os alunos”, afirma. A professora fala sobre a importância em acompanhar o crescimento dos jovens na sala de aula e em participar da escolha da futura profissão deles. “É gratificante receber um convite para a formatura de um aluno que está terminando medicina”, afirma.

E você, qual a sua concepção diante dos concursos públicos em Brasília? Dê a sua opinião na enquete que a Revista No eixo preparou para você. É só clicar aqui. Na próxima edição divulgaremos os resultados.
Para visualizar mais informações a respeito leia a reportagem Concurso, destaque entre as profissões em Brasília por Leidiany Lisley.


Matéria publicada em 22/04/12
Atualizada em 14/05/12

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