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Brasília acolhe estudantes de todos os cantos do país

Estudantes do entorno e de outros estados procuram ensino superior de qualidade


Felipe Carvalho e Luana Lopes



Maria Rita, estudante de Jornalismo que veio do Amapá. Foto: Arquivo pessoal

Há muitos anos, Brasília foi idealizada e construída para ser uma terra de grandes oportunidades para o país. As decisões que aqui fossem tomadas, sejam elas políticas ou econômicas, mudariam as atuações por todo o território brasileiro. Inúmeras pessoas a escolheram como lugar para estudar: vêm de outros estados, principalmente das cidades do interior goiano, localizadas no entorno do Distrito Federal. Os institutos superiores da cidade, federais e particulares, recebem centenas e até milhares de estudantes todos os anos, entre eles, a amapaense Maria Rita Almeida (20) e o mineiro de Januária, André Luiz Mendes Marcico (22)

Maria Rita e André decidiram estudar em Brasília por motivos diferentes, mas com o mesmo objetivo de impulsionar a futura carreira. Acreditaram que aqui conseguiriam todo o suporte necessário. A amapaense escutou bastante sobre a tranquilidade de Brasília e por não haver a graduação desejada nas universidades de Santana - Amapá, sua cidade natal, resolveu disputar uma bolsa no curso de Comunicação Social, na Universidade Católica de Brasília (UCB). Conseguiu e com os conselhos e ajuda de uma amiga, mudou-se para a Capital, lugar longe e diferente de onde vinha. 

Já o estudante de Engenharia Civil do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), André Mendes, escolheu o DF para ingressar no ensino superior por acreditar no largo campo para atuar como engenheiro. O rapaz se motivou ao ver outras pessoas irem atrás de oportunidades, estudando muito para isso. Em Montes Claros, localizada na região norte de Minas Gerais e próximo a sua cidade natal, há centros de ensino superior conceituados. A Universidade Estadual de Montes Claros (UniMontes) é um exemplo, mas como os cursos de exatas tinham sido instituídos há pouco tempo, ele preferiu não arriscar.

Dificuldades e o Futuro


Mudar de um estado para outro num país com características continentais, como é o Brasil, não seria simples. Quando chegaram ao DF, André e Maria Rita tiveram alguns problemas, mas logo foram resolvidos por se sentirem bem acolhidos pelos brasilienses. “Acho que as pessoas daqui entendem as dificuldades de quem está chegando, apesar de ter uma barreira inicial no primeiro contato com as pessoas”, afirmou o estudante de engenharia. No entanto, ele confessou que teve dificuldades para entender a organização espacial do local e demorou para conseguir andar pelas ruas sem quebrar a cabeça. 

Outro aspecto chamativo para André Luiz foi o fato de que os brasilienses começam a trabalhar cedo, ao contrário do que acontece em sua cidade natal. Quanto ao clima, teve uma adaptação fácil, diferentemente de Maria Rita que saiu do norte brasileiro para o centro-oeste. Ela precisou de um tempo maior para se acostumar e lidar com a saudade dos parentes que estão a mais de dois mil quilômetros de distância. Outra característica apontada pela futura jornalista foi a diversidade entre as comidas e o jeito de falar, principalmente as gírias. Apesar de conseguir entender os vários significados para a expressão tipicamente brasiliense “véi”, ela afirma não gostar do jargão.

Quanto ao futuro, os pensamentos dos jovens também divergem. Depois de concluir o ensino superior, Maria Rita prefere ir para São Paulo, Rio de Janeiro ou até mesmo para o exterior crescer profissionalmente, embora acredite que o mercado de trabalho aqui seja bom. O engenheiro civil André, pretende ficar e fazer a diferença. Ele afirma não gostar do serviço público e prefere trabalhar no setor privado. Posteriormente pensa em abrir uma empresa na sua área de formação.

Jovens do Entorno

 


Juliana Oliveira, estudante de Farmácia. Foto: Luana Lopes


Um número muito alto dos universitários da Capital vem de cidades do estado de Goiás como Luziânia, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama e Formosa. Muitos deles afirmam que para ter um ensino superior de qualidade, devem sair de seus municípios e prestar vestibular em Brasília, pois as faculdades existentes perto de suas casas possuem fraco desempenho no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) e isso pode desvalorizar seus currículos. 


Os jovens passam nos vestibulares, mas com o resultado da aprovação alguns problemas aparecem. As primeiras dificuldades estão relacionadas ao transporte público e a distância. O transporte por muitas vezes é precário e com capacidade insuficiente. O engarrafamento é um item a mais nessa discussão. Maryanne Castilho (17), estudante de Biologia na Universidade Paulista (UNIP), comenta: “A frota de ônibus é antiga e quebra frequentemente. E estão sempre lotados por não haver outros no mesmo horário dando a opção de escolha”. Cursando o 5º semestre de Farmácia na UCB, Juliana Oliveira (18), preferiu mudar de Luziânia para Taguatinga. Assim, ficaria perto de sua faculdade e não enfrentaria os congestionamentos entre as localidades. “É torturante ter que levantar às 5h30, se deslocar para a faculdade e gastar no mínimo 1h e 30 minutos no trânsito”, confessa Juliana.

Iarine Barcelos (19) estuda Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Ensino Superior Planalto (IESPLAN) e sofre com os mesmos problemas. A jovem faz estágio e conta que já chegou a passar mais de 6 horas no trânsito, o que acaba atrapalhando seu desempenho no curso. Outros problemas apontados foram a falta de segurança e a dificuldade de realizar encontros com os colegas da faculdade, por morarem em uma cidade distante. 

Apesar de tantos problemas, medidas podem ser tomadas para resolver grande parte das dificuldades encontradas pelos estudantes do entorno. Os mesmos afirmam que para solução imediata, os governantes deveriam trocar a frota de ônibus velha por uma nova e investir em segurança para a tranquilidade de todos. A ideia proposta por Juliana, estudante de farmácia, seria a construção da linha férrea ou metrô para passageiros, ligando os municípios goianos aos centros administrativos do Distrito Federal. Dessa forma, o fluxo no trânsito melhoraria e consequentemente, diminuiria o tempo da viagem.

A maior preocupação ainda é com o ensino superior dessas pequenas cidades. O investimento na educação e a qualificação das faculdades seria o primeiro passo para mudar essa realidade, pois não teria êxodo educacional e também ajudaria esses locais a alcançar uma estabilidade econômica. Segundo a estudante de arquitetura Iarine, isso facilitaria a vida dos moradores e seria um passo importante no desenvolvimento do entorno. Enquanto as soluções não chegam, a Capital Federal recebe aqueles que desejam se instruir, dando a essas pessoas a oportunidade de usufruir de um ensino de qualidade.




Lista das principais universidades do Distrito Federal:

Universidade Católica de Brasília - http://www.ucb.br/
Universidade de Brasília - http://www.unb.br/
Centro Universitário de Brasília - http://uniceub.br/
Universidade Paulista - Campus de Brasília - http://www3.unip.br/default.asp
Centro Uniiversitário UNIEURO - http://www.unieuro.edu.br/sitenovo/
Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde - http://dominioprovisorio.tempsite.ws/fepecs2011/

2 comentários:

  1. Excelente reportagem Felipe! Espero que com todas essas opiniões, os políticos tomem uma posição de melhora! Parabéns ao jornalistas!

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  2. Excelente matéria, sucinta e esclarecedora.

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